CRIMES DA AUSTERIDADE
Medidas de austeridade eram necessárias desde há anos: o regabofe dos abusos despesistas por parte do Estado e organismos adjuntos corria com o freio nos dentes, sem que houvesse uma qualquer tomada de consciência geral nem um qualquer reparo por parte das oposições políticas.
Alguém haveria um dia de pagar o preço elevado de tal factura. Nunca ninguém imaginou, porém, que os pagantes seriam aqueles a quem nem uma migalha lhes calhara das sobras dos banquetes.
Os vampiros tomaram-lhe o gosto e não descansam enquanto não esmagam a pouca resistência daqueles que ainda a conseguem ter, necessária para a sua sobrevivência.
Os sacrifícios têm que ser repartidos por todos, é o que cândida e hipocritamente anunciam, com ar grave, quase solene. Só não esclarecem que esses "todos" são todos aqueles que menos posses têm e só vêm negrume à sua frente. E de nada são culpados, a não ser terem confiado nos que muito prometeram e juraram servir o país com denodo e honestidade.
Há pessoas, em princípio altamente qualificadas, que afirmam ser necessária tamanha austeridade para que possa haver um futuro melhor! Essas pessoas não querem ver o que se passa à sua volta nem lhes interessa perceber o que possam ser os dias de hoje e de amanhã dos seus desgraçados concidadãos.
Nada de novo até aqui!
O que acrescento de novo é que é obrigatório repensar, hoje, o percurso que Portugal seguiu desde a queda da Ditadura até se atingir o inimaginável estado de degradação em que se vive, agora em Democracia.
Altos responsáveis políticos executam medidas que se tornam atentórias da dignidade humana, fazendo letra morta do consagrado na Constituição da República. Em vez da procura de alguma justiça social, agora tão necessária, agravam as desigualdades e matam a esperança.
Em vez da (re)descoberta das possibilidades de desenvolvimento preferem, porque é mais fácil e mais rentável, destruir e não construir; sistematicamente, como que obedecendo a leis que nos são estranhas.
Acrescento mais: estão a eliminar os melhores sentimentos do povo português, os mesmos sentimentos que tanto ajudaram a suportar outros tempos bem difíceis. Em seu lugar, além das crescentes incertezas do futuro, mesmo longínquo, instala-se o medo.
As pessoas sentem o terror do medo!
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