EMPREGO E DESEMPREGO
Os números do desemprego agora revelados confirmam o que já se pressentia: para além da dificuldade em contabilizá-los com exactidão, persiste a manutenção de princípios que ajudam a esconder as realidades, que têm sido regra nas políticas do trabalho e servido para jogos de interesses vários, e nunca para a melhoria das condignas condições dos trabalhadores.
Mas o desemprego diminuiu, é certo, e isso é bom.
Neste âmbito - o do trabalho - o maior cancro social reside no regime dos trabalhadores precários (empresas privadas), em que predomina a exploração do trabalhador, quer pelos salários muito baixos, quer pelas condições desumanas (físicas e de coacção moral), quer ainda pela incerteza de possibilidade de permanência no emprego.
Exemplos há muitíssimos, e as empresas regem-se todas pela mesma cartilha: uma vez admitidos (após concurso), os futuros trabalhadores pagam a exigente formação do seu próprio bolso (igual ou mais que um mês de vencimento), efectuam um estágio durante um mês inteiro e sem nada receberem, e o contrato é válido por seis meses. Mesmo que a avaliação de desempenho seja francamente positiva, o destino fica-lhes traçado: o despedimento, dando lugar a outros, que efectuam exactamente o mesmo percurso!
Empresas assim, predadoras, aumentam os seus lucros e crescem à custa da falta de dignidade no trabalho.
Na recente discussão no Parlamento - sobre a precariedade no trabalho - falou-se de alguma coisa, muito pouca. Dos trabalhadores precários como os que aqui se referem, ninguém cuidou! Ninguém!
A Concertação Social ignora sistematicamente a situação deste tipo de trabalhadores, que são milhares de novos escravos e não têm quem os represente - não fazem parte da nossa sociedade!
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