CAUDILHOS
A propósito da nova lei eleitoral para as autarquias, que basicamente permitirá ao PS e ao PSD partilharem entre si o poder autárquico, Manuel Carvalho traça (Editorial do "Público", de 19.01.2008) um retrato do que se tem feito nos últimos 30 anos, não antevendo grandes progressos nesta essência da Democracia, se não se corrigirem os erros cometidos.
Considera Manuel Carvalho:
"(...) Uma das principais nódoas do poder local é o caudilhismo dos presidentes, fonte de nepotismo e de corrupção; poderia constatar que a vivência democrática na maior parte dos municípios não existe nem é tolerada pela mentalidade plenipotenciária de muitos autarcas".
Exemplos desta inquestionável verdade não nos tem faltado. Nós, poveiros, não estaremos, certamente, isentos deste tipo de praga.
Completando o lado negro do poder local, diz ainda Manuel Carvalho:
"(...) Se hoje há um perigo real no poder local, não se deve procurá-lo na pretensa instabilidade institucional do modelo em vigor, mas nas perversões do caudilhismo e na claustrofobia da vida partidária, na falta de uma imprensa livre, no domínio dos empregos e da economia ou na ausência de condições para o exercício da oposição eficaz e sistemática".
O pior, penso eu, poderá estar ainda para vir porque, como acrescenta o editorialista, "a maioria garantida por lei só serve para alimentar a vocação de dezenas de tiranetes que pululam no poder local".
É tempo de "arrumar a casa"!
Nem todos os presidentes de câmara serão caudilhos. As excepções serão, por isso, honrosas excepções.
Comentários
Uma rede de autênticas «Máfias»
(mas no «bom» sentido...) pulula nalguns locais mais do que noutros.
E o que é mais grave é que quem não for assim («Padrinho» e seus «afilhados» unidos pela OMERTÁ) não tem viabilidade política! Há uma teia de cumplicidades (englobando certos «capos» da justiça, da sotaina e do desporto) que dão aura de credibilidade e «cheiro de santidade» aos «padrinhos» colocando-os nos altares!
Quem ousar pôr a nu este clima é diabolizado pelos usufrutuários do SISTEMA...
Enfim, a «síndrome de Nápoles» omnipresente!