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                       IMI - AMIZADES E SAFADEZAS

     Na sossegadíssima zona residencial da grande urbe situa-se a vivenda que já fora a mais imponente do quarteirão. Voltou, agora, a tornar-se notada desde que os novos donos, doutores, a remodelaram.
     A compra, uma pechincha, mercê dos tempos que correm. E as obras saíram em conta, que as "ajudas" não faltaram.

     A vistoria à "nova" casa foi cuidadosamente preparada em todos os pormenores, para reduzir ao máximo o futuro valor do IMI: pelos termos comparativos, a Câmara Municipal já tinha começado a salivar...

     Foi acto de pompa a vistoria, feita por engenheiro habilidoso, e que era chefe. O proprietário doutor, engenhoso, seguiu à risca as dicas que as amizades lhe sopraram: nas duas garagens, sem portas, ao fundo do logradouro, ficaram temporariamente instalados um carrinho de mão, umas enxadas, o mini-cortador de relva, uma picareta, dois rolos de mangueira e um pequeno grelhador portátil. Hortaliças...

     À piscina, quase olímpica, foi dada atenção esmerada: coberta com uma armação emprestada, foi toda a área tapada com relva sintética. Era tudo relva, como se via...

     A vistoria, num fim de semana, por conveniência de ambas as partes, foi curtíssima: bastou um olhar, a parecer meticuloso, a partir da varanda. Muito mais comprido foi o almoço, preparado com esmero pela proprietária doutora.

     Faltava ainda um "pequeno" detalhe, intencionalmente deixado para o momento das despedidas.
     - Ah! temos ainda aquele problema do IMI...
     - Ora, doutor, deixe isso ao meu cuidado.

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