DOIS DEDOS DE CONVERSA Cruzamo-nos à porta do estabelecimento. E como por vezes sucede entre pessoas educadas, nas hesitações do entra-e-sai, foi o costume: faça o favor; o senhor primeiro; primeiro o senhor; faça o favor. Parecia contar já uma bonita idade, que se adivinhava pelo rosto cansado, enrugado. Estático, mirou-me através das lentes grossas dos seus óculos, a sondar as lonjuras das memórias e perguntou: "o senhor não é daqui, pois não?" Não! eu não era dali. Em geografia simplificada, foi o que lhe disse: "a minha cidade fica a dois ou três concelhos a norte daqui, junto à costa". "Então somos vizinhos", exclamou com alegria. Desnovelou a vida: muito novo saíra da terra porque naqueles tempos a vida era difí...
VINDIMAS, COLHEITAS E PROMESSAS Normais fossem os tempos que vivemos e agora, mais mês, menos mês seriam os tempos de vindimas e de colheitas. Havia um calendário. Agora já não se seguem as mesmas regras porque os homens tentam enganar a Natureza para melhor conseguirem os seus íntimos fins. E apenas os seus - nunca os dos outros! Marco Túlio Cícero, nascido em 106 a.c., foi um talentoso advogado, filósofo, orador, escritor e político romano. Além dos muitos cargos políticos foi também militar, o que lhe deu a conhecer um outro lado da vida. Num dos seus Tratados, Marco Túlio Cícero deixou-nos o seguinte testamento, fruto da experiência vivida e do seu pensamento: "O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As Dívidas Públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pa...