TEMPOS RENOVADOS Miguel Torga, no "Cântico do Homem", oferece-nos as armas da luta, que não podemos deixar esmorecer: suplica-nos que em cada dia, todos os dias, recusemos o desencanto e se faça com que a confiança perdure, nos tempos que queremos renovados. Súplica Não adiem a nova primavera. Olhem que ramos tristes, os meus braços! Trinta invernos a fio, e só dez anos De rosas de inocência e de perfume! Lume! Lume é que a vida quer nos ímpetos gelados! Homens a arder de sonho e de alegria, Em vez de candelabros de agonia, Apagados. Recusa Convosco, não, traidores! Que poeta decente poderia Acompanhar-vos um segundo apenas? À quente romaria do futuro Não vão homens obesos e cansados. Vão rapazes alegres, Moças bonitas, Trovadores, E também os eternos desgraçados, Revoltados E sonhadores.