LUISINHA Depois da fase dos caracóis, os cabelos loiros apartavam-se em duas tranças, compridas, com lacinhos nas pontas. Era a Luisinha das tranças loiras. Assim era conhecida, que o apelido nem contava. Desnecessário. Enquanto as primas eram mais dadas às bonecas, a Luisinha das tranças loiras preferia brincar com comboios e comandar soldadinhos de chumbo. Se pudesse ir para a tropa, haveria de chegar a general... Em contas ninguém a batia, e na tabuada era uma admiração: a dos nove, sabia-a de trás para a frente e da frente para trás, rápido e sem uma falha. Ganhara-lhe o gosto quando começou a ajudar o padrinho nas contas da mercearia, usando a máquina registadora e no cálculo mental dos deves e haveres. Contabilista haveria de ser o seu futuro. Garantido. O padrinho, que era regedor, muito gostava de jogar à sueca com a Luisinha das tranças loiras. Esperta que era, fazia-lhe a cabeça num fanico: