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                               POVEIROS  DE OUTRORA

     A propósito da aquisição, para a  nossa Marinha, de dois pequenos navios (ou vapores) de fundo chato, vindos por mar desde a Inglaterra até ao Tejo, e da atribuição de altas condecorações aos seus comandantes devido a tão bravos feitos, "As Farpas", de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, descrevem a certa altura:

"Os pescadores de Ílhavo e de Ovar passam a sua existência em pequenos barcos, no mar, entre o Vouga e o Tejo. Os pescadores da Póvoa, os mais possantes e valentes homens de Portugal e talvez os primeiros remadores do mundo, fazem outro tanto. Estes navegantes nem têm o auxílio do vapor para irem avante nem o refúgio da escotilha para não irem ao fundo. Não têm senão o seu valor e o seu remo. O governo tem até hoje lançado impostos e multas aos nossos queridos comprovincianos da Póvoa e de Ílhavo, mas não nos consta que nunca lhes decretasse medalhas".

     Eram assim  - já o sabíamos - os poveiros de outrora, que parece não terem deixado tão brava descendência passados que foram apenas 140 anos!

Comments

José Leite said…
George Orwell, mais tarde, em «Animals Farm», dizia mais ou menos isto:

...são todos iguais, mas alguns são mais iguais...

Impostos a todos... mas alguns, amigos do peito, escapam às malhas...
Gostei muito da referência aos pescadores poveiros.
Anonymous said…
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